terça-feira, 29 de junho de 2010

Semana 22

Nosso Estranho Amor
Caetano Veloso


Não quero sugar
Todo seu leite
Nem quero você enfeite
Do meu ser
Apenas te peço
Que respeite
O meu louco querer...

Não importa com quem
Você se deite
Que você se deleite
Seja com quem for
Apenas te peço que aceite
O meu estranho amor...

Oh! Mainha!
Deixa o ciúme chegar
Deixa o ciúme passar
E sigamos juntos...

Oh! Neguinha!
Deixa eu gostar de você
Prá lá do meu coração
Não me diga nunca não...

Seu corpo combina
Com meu jeito
Nós dois fomos feitos
Muito prá nós dois
Não valem dramáticos efeitos
Mas o que está depois...

Não vamos fuçar
Nossos defeitos
Cravar sobre o peito
As unhas do rancor
Lutemos, mas só pelo direito
Ao nosso estranho amor...

Oh! Mainha!
Deixa o ciúme chegar
Deixa o ciúme passar
E sigamos juntos...

Oh! Neguinha!
Huuuuum!
Deixa eu gostar de você
Prá lá do meu coração
Não me diga nunca não...

Oh! Mainha!
Deixa o ciúme chegar
Huuuuuum!
Deixa o ciúme passar
E sigamos juntos...

Oh! Neguinha!
Deixa eu gostar de você
Prá lá do meu coração
Não me diga nunca não...

Outras Histórias


Após o ponta pé inicial com o filme short cuts os roteiristas tem explorado o multiplots ou seja, várias pequenas histórias dentro de uma história maior. Às vezes elas não se conectam, outras dialogam entre si.
A estrutura dessas histórias aparentemente é anárquica a estrutura da narrativa clássica ou, como popularmente conhecida; uma história com começo meio e fim onde só há um herói, onde há vários impedimentos para que o objetivo do herói seja alcançado.
Ainda nessa reflexão sobre os múltiplots acredito que as pequenas histórias às vezes não fogem tanto da estrutura clássica.

O drama central, o ponto de virada, a motivação do personagem o clímax enfim, estão todos presentes, ainda que a ordem dos acontecimentos não sejam os mesmos, ainda que só ao final o drama das outras histórias faça sentido.
Quando visto no cinema isso tudo fica mais claro, a eficiência do diretor auxilia na compreensão do emaranhado de sentimentos que aparecem ao longo das pequenas histórias. Mas, quando esses pequenos dramas acontecem na vida real sem auxílio de uma tela branca e o conforto de uma sala de projeção, nossa visão, nosso entendimento fica limitado por não termos a precisão do corte, precisão do início de uma outra história, ou o término de uma história antiga. Fica tudo assim, tudo um pouco confuso.

Entretanto, saber que não existe uma história única, com um único final, com um personagem estático, planificado, possibilita que o filme da vida real tome nuances nunca antes pensado, nunca antes vivido, sabores nunca antes experimentado, é como se fosse uma Avant garde de sentimentos descortinando uma série de possibilidades...



Povo




A gente se sente como uma pesca viva amassada dentro de uma condução, seja ela ônibus, metrô ou mesmo lotação.
Dizem que a gente se acostuma, não acho, não creio que a gente se acostume. Acho que...é, acho que a gente realmente se acostuma, sinto que nos calamos, engolimos a seco como a farinha do almoço. O silêncio sem sucesso corta a garganta na ânsia de se libertar.
A gente se sente palhaço, acreditando há anos, nas promessas dos governantes, nos descontos dos feirantes, nas dozes vezes sem juros, no aumento de salário há muito esperado, na promoção sonhada, no príncipe encantado, no muito obrigado.
A gente nem precisa de espelho para ver que o nariz continua cada vez mais vermelho . No andar apressado vejo que não existe somente um palhaço.
A gente se sente tão só neste mundão lotado, parece que nossas idéias, nossos ideais são somente brilhantes para nos mesmos, parece que somente o nosso sol nasce à leste, parece que somos todos surdos, mudos, cegos , se não somos, fazemos questão de tapar os ouvidos, a boca, os olhos e nos fingimos de rocha, sem sentimentos apenas com sedimentos, sem sentidos sem....
Não choramos mais, não notamos mais as perdas, vivemos em bandos isolados preocupados somente com o nosso próprio bem estar, nos tornamos criaturas unitárias, unilaterais, unicoração, unipensamentos, unisentimentos.
A gente vive a noite e dorme de dia, vive o dia e não dorme a noite, perde a noção do dia. Nos bares, a noite ganha sentido, corremos sem direção, falamos, mas, não indagamos, não perguntamos mais porques?
Não sonhamos tão mais, não acreditamos mais, não sorrimos mais, não agradecemos mais, não sentimos mais, brigamos com nos mesmos. Não libertamos nosso coração, brigamos com a vontade e sobrepomos a ela a verdade, porém a verdade da conveniência a verdade que a sociedade acredita ser verdade. Nossos sonhos não acordaram ainda , não somos.... nunca fomos ou fomos? Fomos!
Porém, o que um dia fomos se foi e, não conseguimos colocar nada no lugar. Nos tornamos massa sem peso, somos garrafas sem líquido, somos a continuação do teclado, somos qualquer peça do carro, somos o carro!
Nos tornamos a sociedade que Gepeto desenhou, nosso nariz não para de crescer , mentimos para este , mentimos para aquele, mentimos todos os dias para nos mesmos ....ah mentimos para nos mesmos...
Nos maltratamos , nos sufocamos, nos mutilamos a cada dia.
Somos juizes dos outros, somos o dedo que em riste acusa. Somos a semente que não vingou, somos a gema do ovo que não nasceu.
Mas, éramos o grito, tínhamos sonhos, tínhamos propósitos, éramos a lágrima que caia dos olhos de um irmão quilombola, torturado, massacrado. Éramos o sonho da República, erámos a Revolta da chibata, éramos o direito adquirido, éramos a passeata dos cem mil, a greve generalizada, éramos a indignação, éramos a semana da arte moderna, éramos o morro, a favela, a periferia, éramos Cartola, Geraldo Filme, Tom Zé, Tropicália, éramos o Cinema Novo, a vitória de setenta, éramos o não! Éramos as diretas já éramos, éramos o fim da ditadura, éramos bem mais vermelhos, éramos a história que hoje é contada, éramos o povo , agora não somos mais , não mais....

Ps: Esse texto foi escrito por mim há exatos 8 anos.

domingo, 27 de junho de 2010

A sustentável leveza DE ser.


Sim, de fato eu parafraseei Milan Kundera em seu celebre livro - A insustentável leveza do ser.
SER nunca foi tarefa fácil, tampouco leve. Mas é possível. É possivel treinar a leveza. Ela não nos é dada como um nome ao nascermos e sim nos é conquistada por quebras e rejuntes ao longo da caminhada.
Não seguimos leve por toda vida. Em nossa tragetória vamos nos esvaziando do que é pesado, chato, insustentável e nos tornamos seres sustentáveis, seres possíveis, cheios de possibilidade em sermos o que quizermos...

domingo, 13 de junho de 2010

Junho


Anunciamos a chegada do segundo semestre, estamos exatamente no meio do ano.
Um excelente meio de ano, cheio de boas notícias, grande encontros, realizações e melhor, poucas despedidas.
Só tenho agradecer, nem teria coragem de pedir ou lamentar, internamente me remonto externamente ilumino e sigo.
Bom Junho pra nós, bom Junho pra todos.

Ps: Enquanto isso, vejo uma nova história se formar diante do monitor....